domingo, 6 de fevereiro de 2011

Europa é barata e eu gosto!

Visitei a Europa pela primeira vez no século passado, mais precisamente no ano 2000. Com passagens pelo Brasil e países vizinhos, estreava fora da América do Sul sozinha, mochila nas costas e um diferencial apavorante: aos vinte e poucos anos, estava a caminho do inverno num Velho Mundo distante, que o povo me dizia: era caro, caro, caro. Para complicar a vida da brazuca pernambucana, as moedas eram várias. Escudos, Pesetas, Francos... tudo apertado, embrulhado ou, como dizem os descolados, tudo junto e misturado no meu doleiro sob a roupa. Nunca fui boa em administrar, contar, guardar dinheiro. Imagina converter moedas e, principalmente, gastar pouquíssimo nos 48 dias que ficaria pelo continente? Era a treva! Mas, fui em frente para cumprir a árdua tarefa.

Os primeiros passos foram dados em terras lusas. Encatada com o Tejo, as praças, os pastéis de Belém e os vinhos, ora pois, comecei a gastar meus Escudos suados. Era um pinga-pinga que só vendo. Gastava com uma pena danada e era pega no susto de estar pagando muito menos do que eu previa. Parti para a cidade de Madrid alguns dias depois, ainda convivendo com a surpresa: eu tinha comido bem, bebido bem, conhecido todos os principais pontos turísticos de Lisboa e estava cheia de Escudos para trocar por Pesetas, moeda que ditaria as ordens nos próximos dias.

Algumas horas depois, em alguma casa de cambio espanhola, trocava os Escudos restantes e começava a gastar mis pesetas queridas para conhecer a cidade que roubou meu coração de nova-visitante-européia. Ah, Madrid... passeei pela cidade, comi as melhores tapas, provei paellas (algumas sofríveis, outras inesquecíveis), almocei, jantei, paguei uma pousada tão bacana que até hoje, onze anos depois, costumo voltar. O dindin apertado, tadinho, dava pra tudo isso e ainda sobrava para ligar para casa, dizer aos pais que estava viva, curtindo os (então) mais felizes dias da minha vida. A pergunta da velha era sempre a mesma: e o dinheirinho, minha filha? Tá dando? Tá tranquilo, mainha! Depois veio o Caminho de Santiago de Compostela, Barcelona.... e a volta para casa com o doleiro cheio.

Pois, após esse prelúdio enorme e voltas e voltas para essa Europa que tanto amo, eu declaro, sem medo de errar: Europa é barata e eu gosto!!!! Se você ainda não teve a oportunidade de visitá-la, esqueça os mitos de que o continente é caro e inacessível. Essa mentira é tão grande quanto a que diz que os europeus são frios, ou os franceses chatos. É mentira! É tudo mentira! A depender do estilo que você dará para a sua viagem, você pode gastar mais caro numa aventura pelo próprio Nordeste brasileiro. Para gastar pouco, basta você se programar, buscar lugares bacanas e baratos para ficar (sim, eles existem de rodo! E não estou falando apenas nos albergues!), escolher os melhores lugares para comer e ficar de olhos abertos para as dicas de quem já passou pelos cantinhos que você está disposto a conhecer.

Com o tempo, postaremos textos com dicas de diversos lugares da Europa e vocês verão a lenda do continente para milionário cair, dia após dia. Na Europa você pode comer bem, beber bem e gastar pouco. O mais caro até hoje sempre foi a passagem. Até um dia desses, a exceção dos voos charters (alguns um verdadeiro achado e outros, barcos furados sem tamanho), os pernambucanos só tinham uma boa opção para a travessia do Atlântico, a TAP, empresa aérea portuguesa muito boa (prato em que já comi - e comerei - tantas vezes). Eles são bons, muito bons. Mas, para nos levar ao Velho Mundo, pagávamos de 2 mil reais para cima. Hoje, com a chegada da Ibéria, os custos baixaram para menos de 1,5 mil reais, tarifa inferior ao deslocamento para alguns destinos brasileiros.

Ou seja, companheiro: se você já visitou a Europa, gastou muito e curtiu muito, valeu! Parabéns pra você. Se doeu no bolso e quer repensar esse gasto todo para a próxima vez, saiba que é possível. E nós, *viajantesprofissa*, modéstia à parte experts no destino Europa, estaremos à disposição para que vc gaste menos e aproveite mais. Se você ainda não conhece o Velho Mundo, programe-se. Pare de sonhar e parta para a prática. Esteja certo de que sim, a Europa é possível, linda e... barata. Quem está falando isso é uma jornalista, de classe média, filha de pais de classe média e que hoje viaja a Europa sem medo, pronta para viver uma experiência inesquecível a cada dia. Vá por mim: é só saber gastar.

Boa viagem! Beijocas,

N.



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