Nada melhor para desenferrujar esse velho blog abandonado, que estava em coma há mais de um ano, do que um big-mega-post sobre a belíssima capital espanhola, Madrid, cidade onde já estive umas seis vezes e meu querido maridinho Juanpa outras tantas (incontáveis), uma vez que o moço nasceu a apenas 200km dessa cidade tão linda.
Se você quer passar correndo por Madrid, nem leia o post. Simplesmente vá e conheça o basicão, num fim de semana. Mas, se tem tempo sobrando, recomendamos cerca de dez dias para um mergulho INESQUECÍVEL na capital e cidades vizinhas.
Uma cidade como Madrid deve merecer pelo menos uns 5 dias da sua atenção e amor.
Prepare-se para se apaixonar. Madrid é uma mistura do ritmo louco das
metrópoles cosmopolitas européias com o charme do Velho Mundo, que se esconde
em cada recanto, em cada esquina, em cada prédio antigo, que guarda consigo a memória de 500, 700 anos.
Para citar
hospedagem, sou suspeita. Muita gente prefere ficar em localidades mais chiques,
como a Avenida Gran Vía, mas eu prefiro o centrão, o coração pulsante da
cidade, onde está o Marco Zero, na famosa Puerta del Sol. É lá onde estão
a sede do Governo Regional e as mais tradicionais lojas comerciais, padarias,
bares etc. A Puerta, que, na verdade, é uma praça enorme sempre cheia de gente
passando por todos os lados, abrigava a famosa Movida Madrileña nos anos 80,
quando o “sexo, drogas e rock and roll” mudou a cara de Madrid de forma
definitiva. Hoje, com a evolução dos tempos, você acha de tudo por lá: conexão
direta com todas as linhas de metrô, padarias e restaurantes deliciosos, lojas
para pegar a turistada e resquícios do sexo e drogas dos anos 80. Por isso, recomenda-se um certo cuidado com a bolsa. Dessa forma, não lhe passará ABOLUTAMENTE NADA,
inclusive de madrugada. Ali na Puerta del Sol também estão barzinhos muito
bacanas para tomar umas “copas de vino”, ou “una buena cerveza”, embora, da
mesma forma, ali também estejam algumas bocadas. Mas, fique tranquilo. Numa rápida olhada você saberá se lugar é da paz, ou não. Sugiro, especificamente, o bar e restaurante A Cruz de
Malta, um dos meus lugares preferidos de Madrid para comer umas “tapas” (petiscos,
como o maravilhoso canapé de creme de kani, que eles chamam de “crema de
cangrego” e outro de roquefort com anchovas).
Voltando ao quesito hospedagem, sugiro que você fique por ali mesmo. Eles têm
umas pousadas bem baratas (se você é cliente cinco estrelas, ignore todas as minhas
dicas de hospedagem em Madrid. Se você quer algo simples e limpo, vamos em frente. Essas
pousadas são super agradáveis e muito, muito familiares, como o Hostal
Bergantín, que é de uma família pequena e sangue bom (me hospedei lá
inúmeras vezes, e fica numa rua lateral da Praça) ou no Hostal Americano. Esse
está na própria praça. Tem uma pinta de que também é usado por jovens
animadinhos da Puerta del Sol, mas confesso que isso não atrapalha em nada. Nunca
chegamos a ver nem ouvir ninguém. Fiquei lá algumas vezes e amigos meus também.
O prédio é charmosérrimo, embora o apto não sinta nem o cheiro desse charme. Mas é
amplo e tem o conforto básico. O preço é muuuito bom (cerca de 50 euros a noite
para duas pessoas), sem café da manhã. Se você for sensível a barulhos, lembre
que a Praça não dorme. Então, mudamos nossas dicas para que você prefira
hostels mais afastados da praça. No caso do Hostal Americano o café da manhã pode ser nas padarias
próximas. “Churros con chocolate” são deliciososssssssssss para isso. Lembre-se apenas que lá os churros também são chamados “porras”... uia!!! Pense numas porras
gostosas!!!! ;)))
Ali
pertinho da Puerta del Sol é para bater tudo a pé. Você tem mil e uma coisas
maravilhosas para conhecer.
Saindo do Hostal Americano (tá parecendo que rolou merchan!!! rssssssssss), para o lado direito, você pode pegar a Calle Mayor, que na
época da fundação da cidade era a rua principal. Hoje tem lojinhas variadas. Na
esquina dela, logo no comecinho, tem uma padaria maravilhosa para o seu café da
manhã. É meio caótica, porque tem 3 mil espanhóis querendo tomar um cafezinho
antes do trabalho, mas vale muito a pena. É massa porque, mesmo estando ali,
num lugar tão turístico, tem mais madrileño do que turista. Oportunidade bacana
para mergulhar na realidade deles. Seguindo essa rua, você chegará à Plaza
Mayor, que é linda. Vale o passeio. Vendedores ambulantes, artistas de ruas,
cafeterias, lojas de artesanato, sebos etc. Toda essa região está cheia de
palácios dos séculos XVII, XVIII... lindos de viver. Capriche na câmera e mande
tudo para o Instagran! Garanto que você nem vai precisar de efeitos, para receber
mil elogios nas fotos. É tudo lindo.
Seguindo
por essas redondezas, vá ao Mercado Público, que é show, embora tenha passado
por um banho gastrô que deixou tudo caríssimo. Quando eu comecei a frequentar
aquilo, era baratal e delicioso. Hoje é só delicioso. Rssssssssss... Os
gourmets tomaram conta e virou point. Vá, sente, coma e passe horas lá. Vale a
pena. Não é gasto, é investimento.
Ainda nessa
zona você chegará à Plaza del Oriente, onde está a Catedral de La Almudena, o
Palácio Real e o Teatro Real. Os jardins são lindos, principalmente em abril e maio,
plena primavera. Você também pode ver os “Jardines de Sabatinis”, que estão aos
pés do Palácio Real.
A Plaza de
España também é por ali, já arrodeando para voltar pela Gran Via até a Puerta
del Sol. A praça é linda e bem gostosa para descansar um pouco jogado na grama,
sob o monumento à Quixote. Incorpore o espírito europeu e fique quarando, de cara
pro sol. Você poderá contemplar um contraste de arquitetura muito bacana.
Em seguida,
sugerimos que você volte pela própria Gran Via que é, sem dúvida, a artéria
principal do centro de Madrid. Ela reúne muitas lojas, grandes empresas e merece
a sua atenção. Nela também estão hotéis de luxo (e alguns baratais também),
cinemas, teatros... É uma avenida que tem muito a cara de Madrid.
Outro dia,
para passear ao outro lado do tal Hostal Americano (quero meu percentual!!! rsssssssssss...) ou seja, saindo dele à mão
esquerda, você encontrará um famoso luminoso publicitário dos vinhos “Tío
Pepe”.
Indo naquela direção, você pode seguir para a “Carrera de San Jerónimo”,
rua que lhe levará a lugares como: o Congresso dos Deputados (um edifício do
século XIX, interessante) e a estação de Atocha, que é linda. É uma estação de
trens do século XIX que foi recuperada nos anos 90 para ser uma estufa de
plantas tropicais, além, claro, de estação de trens. Até hoje a estufa funciona e a
estação é a principal do sistema de transporte AVE, o mais veloz trem da
Espanha. Voltando rumo à Puerta del Sol, você poderá visitar o Paseo del Prado
e entrar no belíssimo museu, para encontrar obras como “Las Meninas”, de
Velázquez e pérolas de Goya, El Greco, Rubens etc. Também nessas redondezas
está a Plaza de Cibeles, muito utilizada pelos madrileños para celebrar
vitórias no futebol. Essa praça tem uma belíssima fonte no centro. Ali você também encontra a antiga sede dos Correios, que há
pouco tempo foi vendida para o Governo e passou a abrigar a Prefeitura. É um
dos prédios mais bonitos de Madrid. Nessa mesma avenida você está próximo ao estádio
de Santiago Bernabeu (Real Madrid) e muitas edificações interessantes. Recomendável
percorrê-la com muito tempo (e sapatos confortáveis), ou de
metrô, que, por sinal, dá um banho em Madrid.
Na Chueca,
bairro que antigamente era bem estigmatizado como reduto gay, estão alguns dos melhores points na noite de Madrid. Respeitando as diferenças,
todos compartilham boa música, boa bebida e boa comida. É o que recomendo
para as nights.
No dia seguinte à farra na Chueca, tome muita água para curar a ressaca e conheça os recém-criados jardins às margens do Rio Manzanares. Como
ponto de partida para isso, você pode usar o estádio do Atlético de Madrid, o
Vicente Calderón. Se gostar de futebol, junta as duas coisas. Para
passear também, os jardins “del Retiro”, pertinho do Museu do Prado.
Uma coisa bacana
para quem curte antiguidade é a Feira do Rastro, bem no centro. Mas, fique atento que, salvo engano, só funciona um dia na semana. Não é a última
coca-cola do deserto, mas é uma fanta uva interessante, que merece o passeio. Aqui pra nós, prefiro a Feria de San Telmo de Buenos Aires. Achei muito cacareco
no Rastro e muita coisa made in China. Mas, é famoso. Vale você ir, nem que
seja para falar mal depois. :p
Para comer, arrisque a típica paella e muito
“pescado” (peixe), lagosta, caranguejo. Ao redor da Puerta del Sol você acha
restaurantes caros e bons. Outros caros e ruins... enfim, vale a
pena seguir seu feeling e tentar, porque mesmo sendo uma cidade central, é lá que estão os
melhores frutos do mar da Espanha, porque é um mercado que paga mais. Um lugar
muito interessante, que fica bem pertinho da Puerta del Sol, é o Museo del Jamón, uma franquia tipicamente madrileña onde se come
umas boas tapas (petiscos) tomando uma sangria ESPETACULAR.
O “Museo del Jamón”
está por todos os lados. O da Puerta del Sol, (próximo ao luminoso dos vinhos Tío Pepe, que já citamos) servem petiscos, almoço e jantar. A paella não é cara e é boa. Recomendo. O jamón serrano (parecido com o
presunto de Parma) deles é muito bom. Até eu que não como muita carne, volto de Madrid com cara de porco. Na dúvida, detone! Mesmo convertendo o Euro, você pagará infinitamente menos do que comer essa iguaria aqui no Brasil, que é uma pequena fortuna.
Se você
gosta de comprar, a Puerta del Sol também é o lugar. Reúne desde os mimos
artesanais às lojas de grife e à gigante “El Corte Inglés”, loja de
departamento que é a febre dos espanhóis. É feito o pernambucaníssimo Mercado de São José”: tem roupa, comida e remédio pra bicho de pé. :)
Já conheceu Madrid? Pega a estrada pra vizinhança!
Não há dúvidas
de que a “Corte y Villa” é o maior centro das atenções nessa região, mas a
vizinhança de Madrid guarda verdadeiros tesouros do patrimônio histórico e
natural europeu, que merece visitas, umas mais curtas, outras prolongadas.
Comecemos
pela famosa Segóvia, com seu “acueducto romano”, Ávila, com o mais conservado conjunto
de muralhas originais medievais da Europa e Salamanca, centro de estudos de intercâmbio.
As três cidades estão muito próximas, a menos de 100 km da capital espanhola.
Pode-se ir de trem, carro alugado ou no bom e velho buzu, que nas Oropias são muito confortáveis (além do charme todo especial de você não encontrar
sequestradores pelas estradas). O que também pode ser feito é dormir pertinho
de Segóvia, no povoado de “La Granja”, que possui um entorno muito
lindo. Considerando as proporções reduzidas, é uma “Versalles” espanhola, com
um lindo palácio barroco. Lá, a dica de hospedagem é o Parador de La Granja. Os
paradores compõem uma rede de hotéis do Governo da España, localizados, todos eles,
em edifícios históricos e cheios de charme. Alguns são muito caros, como o de
Santiago de Compostela, mas valem o custo-benefício e chegam a ser até baratos,
considerando os palácios onde estão. Vale checar a lista completa no site www.parador.es
Seguindo pelas redondezas de Madrid, visite Aranjuez, povoado muito charmoso
e que também tem seu palácio real. A riqueza é ainda maior na primavera,
porque o lugar consiste, principalmente, das suas praças e jardins. Você pode procurar
o Tren Del Fresón, linha de trem histórica (vapor) que foi recuperada para fazer
essa rota desde Madrid. Seguindo o
passeio, toque adiante para Toledo, cidade que está circundada por um bonito rio,
possui uma das mais antigas catedrais da Espanha, o Alcázar (fortaleza do
Século XVI), e foi uma das principais sedes culturais da Europa nos séculos XII e
XIII, porque ali estava a famosa Escuela de Traductores de España. Graças a ela se
recuperaram muitos dos antigos escritos gregos e romanos. Toledo também é
famosa pela arte do damasquinado (trabalho artesanal com fios de ouro) e
espadas. Se você é consumista, prepare-se para gastar variados Euros em coisinhas lindas que são vendidas por lá.
Outras três
cidades que indico para quem tem mais tempo são Burgos e León,
com suas catedrais indefectíveis. Entre uma e outra, está a miúda Palencia,
terra do meu gringo, Juanpa. A cidade é cheia de encantos, comida de
primeiríssima e muita gente boa. Vale a parada. De quebra, você ainda vai à casa da minha sogra e dá um beijo nela por mim.
Oléééé!!!! Simbora pra Madrid, meu povo!!!!!
Beijocas,
Naide ;)